10.5.07

vai uma sopa? (de legumes)

Por favor Edgar, não me deixes assim, o que se passa entre nós?... Para começar não era esta casa, era outra… Faz sexta-feira três meses ao sair para as compras notei que não havia a loja de roupa de senhora na cave do meu prédio… Tive saudades, apeteceu-me chorar… Estou casada há vinte e quatro anos e não sei se gosto ou se me habituei… Como a discrição era o seu forte, o meu marido faleceu sem aborrecer ninguém… Não sabes nada. Não compreendes nada. Interpretas tudo ao contrário…. Para tua informação não lhe achava graça nenhuma nem era o meu género de homem… Olha os barquinhos, olha as gaivotas, sempre gostaste tanto de gaivotas… E as minhas unhas para trás e para diante na palma dele… Hoje não estou para ninguém… Porque não me disseste logo ao principio que eras casado, antes que me prendesse a ti?... Oiço a chuva contra os vidros e o casal do andar de cima a gemer ao ritmo da cama… Tenho a certeza que não me conheces, nunca me conheceste. Tão simples quanto isto: Não me conheces… Não me ponhas a mãozinha aí, tira a mãozinha daí, disse-te para tirares a mãozinha daí… O que aconteceu, amor, para mudares assim tanto?

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